Na primeira edição de 2024 do Projeto Engenhar, o Eng. Civil Doutor José Leomar Fernandes Júnior compartilhou sua experiência, pesquisas e estudos sobre pavimentação asfáltica nas rodovias brasileiras. As considerações foram feitas em torno da questão “Por que os pavimentos brasileiros estão aquém do que poderiam e deveriam ser?”.
O evento aconteceu remotamente e contou com a abertura de Cid Andreucci, Diretor Presidente da CRASA. Ao dar as boas-vindas ao palestrante e aos participantes, destacou que o projeto foi criado para despertar o interesse e aperfeiçoar o conhecimento técnico sobre diversos assuntos, que envolvem o rol de serviços realizados pela companhia.
Em sua apresentação, o Eng. Civil destacou a pavimentação asfáltica como uma das estruturas mais complexas da Engenharia Civil, enfatizando os diversos aspectos que necessitam de atenção para seu dimensionamento, além da integração de conhecimentos técnicos detalhados para assegurar durabilidade, segurança e funcionalidade nas rodovias. Afirmou que o desempenho dos pavimentos é resultado de uma série de atividades coordenadas que incluem planejamento, projeto, construção, manutenção, reabilitação, além de avaliações técnicas e econômicas, e a pesquisa e documentação de experiências.
De acordo com José Leomar, os projetos de pavimentação das rodovias do país não consideram, por exemplo, as diferentes condições climáticas de cada região, o tráfego e as normas técnicas de qualidade. “Falta análise de alternativas em relação à carga do tráfego e propriedade dos materiais e avaliações laboratoriais de defeitos”, criticou. Pontuou que o Brasil é carente de infraestrutura e que o planejamento de uma obra é subestimado.
Falou ainda sobre os fatores que devem ser considerados no projeto de dimensionamento do pavimento, entre eles, os efeitos das cargas de tráfego, uma das principais causas da deterioração precoce do pavimento. “São necessários estudos econômicos para a fixação dos limites legais e pesos dos veículos para proteger a infraestrutura sem comprometer a produtividade da rodovia”, observou. Afirmou que o controle da sobrecarga é vital para o bom despenho dos pavimentos.
“A má qualidade da pavimentação do Brasil pode ser explicada também porque os projetos subestimam o tráfego, contém erros no dimensionamento, na dosagem de misturas asfálticas e na alocação de custo, que deve ser proporcional à utilização”, frisou. Disse que existe a necessidade de revisão de metodologias de ensaio, aprovação e normatização técnica de pavimentação com mais rigor técnico. “Ou seja, a aplicação de modelos de previsão de desempenho que representem a realidade e que proporcionem tomada de decisão, visando maior nível de acertabilidade”, salientou.
Para finalizar sua explanação, José Leomar resumiu os problemas que devem ser revolvidos para garantir a sustentabilidade social, econômica e ambiental da pavimentação rodoviária brasileira. “Projeto não representativo que subestima o efeito das solicitações do tráfego sobre o desempenho de pavimentos. Judicialização exacerbada, baseada em documento técnico equivocado, desconsideração de conceitos técnicos e normas fundamentais e imposição de valores de referência sem correspondência com a realidade”.
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