***Maurício Pinto de Almeida
As queimadas são um tipo de prática agrícola utilizada no meio rural, sendo umas das ações mais antigas realizadas pelo homem. Elas podem ser de dois tipos, causadas pelo próprio meio ambiente ou pelos seres humanos.
Considerada de baixo custo, a queimada é conhecida por sua rapidez, pois em muitos casos ela é utilizada como uma ferramenta para limpeza e fertilização do solo. Em contrapartida, em alguns casos sua aplicação pode perder o controle, provocando grandes incêndios, além disso é alvo de críticas por parte dos ambientalistas.
É importante destacar que a queimada como prática agrícola é realizada de forma controlada e assistida. Já as queimadas intencionais não, pois elas perdem o controle facilmente e resultam em incêndios.
Alguns fatores têm feito as queimadas no Brasil aumentarem, como o avanço do desmatamento e a ampliação das áreas de pastagem e atividades econômicas ligadas à agropecuária.
Outro fator que acaba influenciando na propagação de incêndios pelo território brasileiro é o tempo seco e quente, vivenciado em grande parte do país entre agosto e setembro. Esse tempo mais seco, aliado à ação dos ventos, pode fazer as chamas aumentarem-se e proliferarem-se, e a ausência de chuvas comum nessa época do ano faz com que as queimadas em larga escala se ampliem.
Sua realização gera diversas consequências para o meio ambiente, dentre elas as principais são: alterações no equilíbrio dos ecossistemas; desertificação ambiental; circulação de águas superficiais e subterrâneas; mudança da temperatura e umidade do solo; manutenção e controle de fauna e flora; diminuição da biodiversidade; emissão de gases poluentes; piora a qualidade do ar; contribui para o aumento da poluição do ar e intensifica o efeito estufa e o aquecimento global.
Estima-se que a cada ano o Brasil perde cerca de 15 mil km2 de florestas por causa de queimadas que perderam o controle, transformando-se assim em grandes incêndios. A região Nordeste é a que apresenta maior índice de ocorrência de queimadas, especialmente entre os meses de outubro e janeiro. Já na região Centro-Oeste, os meses de julho a outubro são os mais críticos.
Dessa forma, é possível afirmar que o bioma Cerrado é o que mais sofre com queimadas e incêndios, causando a morte de diversos animais. Para auxiliar no controle das queimadas, existem diferentes projetos e programas ligados ao Governo Federal que desenvolvem ações de monitoramento e conscientização sobre a queimada, como o Portal Queimadas, Programa Queimadas e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
O novo relatório publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) aponta que é um fato: as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis, irreversíveis e causaram um aumento expressivo na temperatura do planeta.
Se o grau de aquecimento global será maior ou menor, depende muito da vontade dos governos e das pessoas em implantar ações que resultem na redução da emissão dos gases de efeito estufa. Proteger nosso clima e alimentar o mundo exige ação urgente. O relatório do IPCC chega no momento em que os alertas de desmatamento da Amazônia e queimadas pelo Brasil mostram crescimentos absurdos, bem acima da destruição verificada no passado.
Mas para combater a crise climática, já não basta apenas zerar as emissões globais de combustíveis fósseis. É fundamental zerar o desmatamento, proteger e restaurar nossas florestas e ecossistemas naturais, que são sorvedouros naturais de CO2, além de substituir commodities agrícolas por alimentos sustentáveis, reduzindo a produção e consumo de carne, hoje o maior vetor de destruição da Amazônia e outros ecossistemas
O relatório especial do IPCC é o mais amplo estudo científico feito até hoje sobre mudança climática e os solos. Os cientistas alertam que mais de um quarto da superfície coberta por terra no planeta está sujeita à degradação induzida pelo homem. O relatório aponta também que 23% das emissões humanas de gases de efeito estufa provêm do desmatamento, das queimadas e da agricultura, mas afirma que as florestas e o solo, se bem manejados, podem atuar como um poderoso sorvedouro de carbono para ajudar a mitigar o pior das mudanças climáticas.
No Brasil, 58% das emissões de gases de efeito estufa são provenientes de queimadas e desmatamento. Por isso, é muito importante encontrar caminhos para o desenvolvimento sustentável dos biomas brasileiros, sem que seja necessário degradar essas regiões.
A mudança climática já impactou todas as regiões da Terra. Não estamos apenas quebrando recordes de aquecimento e outros impactos, mas o mundo em que vivemos hoje não tem paralelo recente. O relatório do IPCC mostra que nenhuma região ficará intocada pelos impactos das mudanças climáticas, com enormes custos humanos e econômicos que superam em muito os custos da ação
Agora é hora de governos, empresas e investidores intensificarem suas ações na proporção e na escala da crise que enfrentamos. Esses compromissos precisam ser assumidos com as conclusões do relatório do IPCC em mente, para que tenhamos a chance de lutar por um futuro mais seguro.
***Maurício Pinto de Almeida é bacharel e licenciado em biologia, especialista em Gestão Ambiental, MBA em Gestão da Qualidade e Sistema de Gestão Integrado, Mestre e Doutor em Zoologia, tem Pós doutorado em Ecologia Estuarina e é especialista em Meio Ambiente da CRASA Infraestrutura
Bibliografia Consultada
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