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Entendendo a Modelagem de Informação da Construção (BIM).

Você sabe o que é BIM (Building Information Modeling), ou, Modelagem de Informação da Construção?




A metodologia BIM surgiu no final dos anos 80 na Universidade de Princeton quando o arquiteto Jerry Laiserin iniciou a IAI(International Alliance for Interoperability) que visava melhorar a troca de informações entre softwares usados na construção. Entretanto, o BIM não se trata simplesmente de um software ou, como por vezes é definido, uma ferramenta de modelação tridimensional. A terceira e última edição do famoso guia Handbook of BIM 2018, traz a seguinte definição:


Com a tecnologia BIM, pode-se criar um ou mais modelos virtuais precisos de uma construção, oferecendo suporte ao projeto em todas as suas etapas e possibilitando melhores análises e controles em comparação aos processos manuais. Quando executadas, estas digitalizações contêm geometria e dados precisos para apoiar as atividades de construção, fabricação e aquisições as quais uma construção é realizada.

Desta maneira, o BIM garante uma avaliação antecipada de possíveis interferências e manutenções comuns durante o ciclo de execução de um projeto, reduzindo o tempo de execução, melhorando seu desempenho, garantindo um menor desvio na execução no que diz respeito à prazos e budget. Utilizando o BIM para a modelação de uma parede, por exemplo, não teremos apenas parâmetros de dimensional, mas também o material o qual deverá ser construída a parede, fabricantes de materiais, propriedades térmicas e acústicas, custos, entre outras possibilidades.


Benefícios da utilização do BIM:


Integração das Equipes: os modelos não são produzidos de forma aleatória, pois contém uma série de dados qualificados que o software demanda. Esses dados serão, posteriormente, convertidos em gráficos e cronogramas;


Noção Completa do Projeto antes da Execução: qualquer impacto de prazo e custo pode ser visualizado caso ocorra alguma alteração no projeto, desta forma, todas alterações evidenciam os impactos gerados;


Maior Precisão: vinculando as análises de escopo do projeto com as do planejamento é possível obter maior exatidão, simulando diferentes possibilidades para que o melhor cenário seja definido. Assim, onde decisões que eram tradicionalmente tomadas no decorrer da execução passam a ser pensadas nas etapas do planejamento;


Redução de Custos: Com os demais ganhos já citados a redução de custos é consequência para a execução dos projetos, pois antes da execução já poderão ser feitos dimensionamento de equipes, efeitos de prazos e custos em qualquer alteração de projeto, redução de riscos e imprevistos na execução, onde durante o planejamento existirão os dados necessários para as melhores decisões.


Abaixo o Ciclo de Vida do BIM, em sua representação gráfica.


Fonte: Ciclo de Vida BIM, adaptado fontes diversas por CRASA, 2020.


A metodologia não se trata apenas de uma tendência, mas de uma realidade a nível mundial. No Reino Unido, por exemplo, desde 2016, já se exigem em todos os projetos do governo o BIM nível II (modelagem e interoperabilidade), ou seja, que os sistemas utilizados trabalhem e se comuniquem de forma transparente. O Reino Unido pretende tornar-se líder mundial em BIM, já trabalhando para que o BIM nível III seja exigido a partir de 2025. Na América do Sul, o Chile foi o primeiro país a exigir a utilização de BIM para licitações em hospitais, em 2011. Já no Brasil, em maio de 2018, foi assinado o decreto nº 9.377, em que a exigência do BIM nas compras do Poder Público será escalonada da seguinte maneira:


FASE 1 (janeiro de 2021): a exigência de BIM se dará na elaboração de modelos para a arquitetura e engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, AVAC e elétrica na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica a partir desses modelos;


FASE 2 (janeiro de 2024): os modelos deverão contemplar algumas etapas que envolvem a obra como o planejamento da execução, na orçamentação e na atualização dos modelos e de suas informações como construído (“as built”). Além das exigências da primeira fase;


FASE 3 (janeiro de 2028): passará a abranger todo o ciclo de vida da obra ao considerar também atividades do pós-obra. Será aplicado, no mínimo, nas construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância nos usos previstos na primeira e na segunda fases e, além disso, nos serviços de gerenciamento e de manutenção do empreendimento após sua conclusão.


De acordo com pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas, apenas 9,2% das empresas do setor de construção civil (que correspondem a 5% do PIB do setor) utilizam o BIM em suas rotinas de trabalho. Através do decreto presidencial, a expectativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) é que se chegue a um aumento de 10% na produtividade do setor e uma redução de custos que pode chegar a 20%, e entre as metas estipuladas pelo Governo ao projeto está em aumentar em 10 vezes a implementação/utilização do BIM.


Assim como em toda mudança, a inserção de um projeto BIM precisa ser disseminada em toda cadeia produtiva, bem como planejada financeira e organizacionalmente. A tecnologia sozinha não garantirá à uma obra a excelência. O fato é que o uso da BIM na engenharia civil, se bem aplicada, é garantia de conformidade e precisão nos projetos, otimizando e alavancando o mercado da construção civil, nacional e mundialmente.

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