Nos anos 80, o engenheiro físico Chuck Hull, utilizando os princípios da estereolitografia (SLA), criou a impressão 3D. O processo de fabricação, camada por camada, consiste na transformação de compostos e materiais líquidos em peças e protótipos. Apesar de já existir há mais de 3 décadas, foi a poucos anos que esta forma de impressão tornou-se mais acessível. Atualmente, a impressão 3D é uma realidade presente nos segmentos hospitalares, da moda, educação, brinquedos, arquitetura e, claro, da engenharia.
Na construção civil, a tecnologia 3D evoluiu a tal ponto que já é possível construir prédios inteiros, embora ainda seja muito mais usual utilizá-la na protipagem de partes e construções em escala reduzida para comprovação de medidas e contenção de erros. Engenheiros, arquitetos e designers ganharam, também, maior liberdade para criação, uma vez que não existem limitações de formas com a impressão 3D.
No Brasil, a chegada da impressão 3D no contexto de grandes obras é iminente. Em meio às discussões que se pautam na busca por novas formas de construção, preços e prazos cada vez menores, a tecnologia pode ser vista como uma aliada. Dentre os ganhos administrativos podemos dar destaque para a economia e a sustentabilidade, tendo em vista o reaproveitamento de materiais e redução de desperdícios (a impressora permite uma redução de até 90%), a minimização de erros, a redução do tempo e da mão-de-obra envolvida no processo. A tecnologia também pode ser aplicada ao conceito BIM (Modelagem de Informação da Construção), tema já explorado aqui no nosso blog.
Ganhos sociais como o desenvolvimento através da construção de casas de baixo custo e de boa qualidade, bem como o aumento da confiança por parte dos clientes através da visualização de projetos por meio de maquetes precisas, mesmo antes da construção começar, também merecem ser pontuados.
Na China, a especialista em impressão 3D desenvolvedora de uma série de novos materiais, e um dos grandes nomes globais do segmento, a empresa Winsun, uniu a recente tecnologia de impressoras 3D com diversas técnicas de engenharia civil e arquitetura para oferecer ao público construções e prédios feitos pelas sucessivas camadas de material. Em março de 2014, a Winsur construiu 10 casas de 200m² cada em apenas 24 horas (o que levaria meses nos modelos tradicionais de construção). A impressora para este último projeto custou 20 milhões de yuans (o equivalente a R$ 8 milhões), e levou 12 anos para ser desenvolvida. A máquina mede 6,6 metros de altura, 10 metros de largura e 150 metros de comprimento. O custo de cada casa feita com a tecnologia é de US$ 5 mil (pouco mais de R$ 12 mil). Meses depois, em janeiro de 2015, a empresa deu continuidade ao seus projetos inovadores construindo um prédio de cinco andares e uma mansão de 1200m². Embora audaciosas, estas construções ainda não são habitadas por serem consideradas “protótipos”.
Prédio de 5 andares construído em 2015 pela empresa chinesa Winsur, utilizando única e exclusivamente a tecnologia de impressão 3D.
Já em Dubai, maior cidade dos Emirados Árabes, foi inaugurado em 2016 o “Primeiro escritório funcional do mundo” feito a partir de uma impressora 3D. Construído em 17 dias e montado em 2, a obra de 250m² de US$ 140 mil foi um investimento da gestão pública em parceria com a Dubai Future Foundation. A impressora 3D de 6 metros de altura, 12 de largura e 36 metros de comprimento. Os materiais usados foram concreto, fibra de plástico, gesso e vidro reforçado.
“World's First "Functional" 3D Printed Office Building”, o primeiro escritório funcional do mundo construído em 2016, em Dubai.
Segundo o ministro Mohamed Al Gergawi, os estudos sobre o 3D printing na área civil estimam que a técnica pode reduzir o tempo de construção de 50% a 70% e os custos de mão-de-obra de 50% a 80%. A estratégia de Dubai é imprimir 25% dos edifícios construídos até 2030.
Existem muitas possibilidades de novos negócios baseados nessa tecnologia. A startup americana ICON, em parceria com a ONG New Story, por exemplo, quer solucionar o problema de moradia através das impressoras 3D. Eles planejam entregar o primeiro condomínio habitacional impresso em 3D em Tabasco, no México. As casas serão impressas em 24 horas e terão 150m². Duas já foram impressas e fazem parte de um projeto maior de 50 casas com parques, áreas verdes e outros espaços comunitários.
Tendo em vista que a impressão 3D funciona como um processo autônomo, necessitando de pouca intervenção humana, pode ser, em determinada perspectiva, percebida como uma solução para a falta de mão-de-obra qualificada no setor da construção civil. Estamos apenas no início de uma grande “Revolução 3D” e é certo que as possibilidades são infinitas. O mercado como conhecemos está passando por grandes mudanças, modificando a forma como vivemos e pensamos. Portanto, é importante que estejamos atentos às novas tecnologias e novos métodos que visem acompanhar esta revolução!
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